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A Terceira Margem do Rio por Gustavo Lacerda |
Análise do Conto A Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa
O
conto A Terceira Margem do Rio de João Guimarães Rosa (1908-1967) foi publicado
na coletânea Primeiras Estórias de 1962 da qual mais 20 outros contos fazem
parte. É destaque pelo mistério que gira em torno de uma simples família do interior
que do início ao fim vive o drama de ter sua rotina interrompida sem um motivo
claro. A história é contada por um personagem não nomeado que não entende os
motivos pelos quais seu pai larga tudo para viver em uma canoa. A história tem
seu ápice quando, depois de ter arruinado com a vida de todos os membros da família
– esposa, filha e filhos – com o fantasma da sua quase ausência, o pai aceita a
proposta do seu filho, o narrador não nomeado, de deixar a canoa na condição de
que o filho ocupe seu lugar. Desesperado, o filho foge antes de cumprir com sua
palavra.
João
Guimarães Rosa faz parte do terceiro tempo modernista – a ficção experimental.
No contexto do fim da Segunda Guerra Mundial, a terceira geração do movimento
modernista, segundo Campedelli e Souza (2002), pregava, entre tantas coisas, as
experimentações poéticas diferentes, o abandono do poema-piada defendido pela
primeira geração modernista e a poesia de participação social. Os modernistas
da ficção experimental defendiam também as narrativas que aproximam a prosa da
poesia, narrativas confidenciais em primeira pessoa e narrativas
interiorizadas, essas duas últimas características comuns no conto A Terceira
Margem do Rio, de Guimarães Rosa.
Para
A Terceira Margem do Rio, Guimarães Rosa faz uso de uma nova linguagem e adota
experimentalismo como característica principal de sua composição. Em suas
composições ele faz referência ao arcaico com o barroco e sua maneira de narrar,
adere ao regionalismo mineiro, criando ritmos típicos, porém diferentes,
inovadores para o cenário histórico da obra. Sua nova linguagem era universal –
se diferenciava das outras por não usar a “estética em excesso”, como destaca Beleboni (2008),
da forma como os elitistas usavam, para separar o letrado do iletrado. E os
neologismos, tais como o uso do artigo definido na frente dos adjetivos
indefinidos, completavam a obra em suas características fieis a realidade; verossímeis.
A
Terceira Margem do Rio é o seu conto mais famoso e uma de suas obras mais influentes,
inspiração para Milton Nascimento e Caetano Veloso que compuseram A Terceira
Margem do Rio, nona faixa do álbum Circulado de 1991. Além disso, o conto de
Guimarães Rosa serviu de inspiração para o filme A Terceira Margem do Rio de
1994 dirigido por Nelson Pereira dos Santos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
CAMPEDELLI S. Y., SOUZA J. B. Literatura, Produção de Texto
& Gramática - volume único. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
BELEBONI,
R. C. Literaturas de Língua Portuguesa VII: Modernismo (III). Batatais:
Claretiano, 2008.
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