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Cecília Meireles |
Modinha
de Cecília de Meireles
Tuas
palavras antigas
Deixei-as
todas, deixei-as,
Junto
com as minhas cantigas,
Desenhadas
nas areias.
Tantos
sóis e tantas luas
Brilharam
sobre essas linhas,
Das
cantigas – que eram tuas –
Das
palavras – que eram minhas!
O
mar, de língua sonora,
Sabe
o presente e o passado,
Canta
o que é meu, vai-se embora:
Que
o resto é pouco e apagado.
Análise do Poema Modinha de Cecília Meireles
Cecília
Meireles (1901 - 1964) manifesta sua arte no segundo tempo modernista, que começa no início
da década de 1930, mas também flerta com outra escola literária na produção de
seus poemas. Cecília, que ganhou destaque no cânone literário como sendo
poetisa, mescla características do movimento modernista com o movimento
simbolista em seus poemas. O Simbolismo aconteceu, tanto no Brasil
quanto em Portugal, entre o fim do século XIX e o início do século XX, e suas características,
tais como a poesia e sua aproximação das outras artes e a poesia bucólica, espiritual
e sensorial como resposta ao materialismo em excesso, são facilmente
encontradas nos poemas de Cecília Meireles.
Note
como o poema Modinha segue um ritmo de leitura e suas características estilísticas
estão diretamente ligadas aos sentidos voltados à natureza: “Tuas palavras
antigas/desenhadas nas areias”, “Tantos sóis tantas luas/brilhavam sobre essas
linhas”, “O mar sabe o presente e o passado”. Ademais, redondilhas maiores de sete
silabas, como separa Campedelli e Souza (2002), são usadas para criar ritmo e
facilitar a leitura e memorização do poema: “Tu(1) / as(2) / pa(3) / la (4) / vra(5)
/ san(6) / ti(7) /gas – dei(1) / xei-(2) / as(3) /to(4) / das,(5) / dei(6) / xei(7)
/ as...”
Do
Segundo tempo modernista, é possível encontrar em Modinha de Cecília Meireles as
características da poesia intimista. Na primeira estrofe há a exposição dos
sentimentos e das emoções do eu-lírico: “Tuas palavras antigas/deixei-as todas,
deixei-as/junto com as minhas cantigas,/desenhas nas areias”. O lirismo segue
até as últimas linhas da última estrofe quando Cecília escreve: “Canta o que é
meu, vai-se embora:/que o resto é pouco e apagado”.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
SILVA,
A. C. da; RAMOS, S. V. Literatura Portuguesa e Brasileira V. Batatais:
Claretiano, 2015.
MESQUITA,
I. R. A. Literaturas de Língua Portuguesa VI: Modernismo (II). Batatais:
Claretiano, 2007.
CAMPEDELLI S. Y., SOUZA J. B. Literatura, Produção de Texto
& Gramática - volume único. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
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